Pastorava sem nada pastorear, pois nada sabia senão o ar!
Porém, - de umas luas para cá - a noturna dera, na moita, a espreitar: anjo sem asa, pulo sem gato, rosa sem altar...
E fica, ali, fiando o tempo: ondas no mar, tricô no firmamento.
Passarinhando o des-contentamento: pastora da noite velando o vento!
Pastora tanto, tanto... que soluça o santo opulento!
— Ave Maria, moço!
que vilão mais desatento!...
Arte: Marc Chagall