29/09/2013

aceitAção



O PIOR é que concordou. Aceitou todos aqueles disparates como se incontestáveis fossem as verdades. Fê-lo bem. Já não detinha qualquer força para permanecer remando - quase sempre contra a maré.

h.f.
29 set. 2013


17/09/2013

Poema dedicado: "Os cios do som e os sons do cio"

(Texto do poeta e crítico "Carlos Eduardo Marcos Bonfá", que dialoga com elementos do livro "Nós Em Miúdos". Editora Patuá, 2013).


Arte do livro "Nós em miúdos", de Leonardo Mathias.

A Hercília Fernandes

A história das relações é sempre lacunar.
O que preenche a deficiência ontológica
A que a abertura ao outro condena?
A consciência da carência, da falta,
Da saudade da proximidade
Imaginada e depois realizada
Pela comunicação da própria lacuna,
Pela voz da própria contingência,
Pelo desejo de discurso, discurso encorpado
Pela momentânea revolta do corpo e da consciência,
Do cogito que cogita outra presença
Porque não aceita um estado
De total permanência?
Serão os nós do eu, os nós do outro, os nós de nós
As linhas enoveladas
De uma partitura sem maestro,
Os cios do som e os sons do cio após?
Sons do cio silente como as reticências
De uma lacuna onde cabe pela ausência
A autêntica história, o autêntico amor,
A autêntica ilusão, o autêntico estro
De toda autêntica criação.

Carlos Eduardo Marcos Bonfá.



14/09/2013

No entanto...

“Nunca disse te amo
Nunca disse te estranho
Nem importa mais...”

Zélia Duncan,
In: "Então me diz
(The Blower's Daughter). 


AINDA QUE eu queira
não lhe chamarei
evocarei a sua volta

não direi que sem você
nada mais no mundo importa
que os meus dias são tristes
as noites mortas

ainda que eu queira
não falarei desse imenso vazio
das cheias que tornam o meu peito
estio

se aqui faz calor se frio
se agora choro ou se desvio

ainda que eu queira...
nada, eu lhe direi


h.f.
13 set. 2013


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)