30/04/2010

escala


 para Fernando



não sei se atual
virtual potencial...
meu ser esvazia
(des)ata nós

são tantas teias
verdades & meias
carro-céu susten-
idos bemóis

in.conclusão


28/04/2010

dos tratados




é tratado de educação
de pueris de civilização
de imposto de renda
[ compra aluguel ou venda ]
de água luz gás e padaria
de Telemar [ disc pizzaria ]
de IPTU / IPVA...
e eu aqui ali querendo (a)-
fundar outro novo velho
tratado...



esperança



Falas mal de mim:
Pressinto.
O que posso fazer?
Rio atravessa cheia
estiagem.
E há que se cuidar
das flores.




26/04/2010

lampejo



como esquecê-lo
se a cada gracejo
ganho em juízo?

amor é amor...
se escreve declínio
leio avanço

: lampejo



ParAmado:


25/04/2010

Relógio fulgás do saber



Letra: Hercília Fernandes
In: Retrato de Helena (2005)




Tempo que me faz tremer
Relógio fulgás do saber.
Até quanto um homem pode crescer?

Eu não sei, nem você!
Até quando pulsa um coração.
O tempo não envelhece a canção:
racha, marca, renova, mas não...
Não mata a eterna canção.

O vidro se quebra
o orgulho enferruja
O tempo muda:
a seca, a chuva.

A casa amarela
a porta se fecha
E o sino continua lá,
ele bate devagar;
nem o tempo o faz calar,
nem o tempo o faz calar...



* Arte: Ernst Ludwig Kircher
 


21/04/2010

discurso


 
 Diego Velázquez: As meninas


As meninas comentam...
dizem o samba conter única nota
: o pior é que ele nem nota!
Mas há um garoto que me corteja
se as imagens não avultam...
possui tórax de ferro e lábios de cereja.
O intrépido madrugada me espreita
resolvi abrir-lhe a guarda,
tornar-me bandeja.

As meninas mudarão o discurso...


( 14 out. 2009).

19/04/2010

A despeito da sensatez...



sinto
vindos
ventos
do
norte

cortes
li-
da
prima
-vera

em
bri
a
guês
.
.
.


Para Fouad
sua multiplicidade in cores.


18/04/2010

vampiros


À amiga Lou Vilela


Arte: Edvard Munch, “Vampire” (1893)



assaltam casas
alçam anedotas sob aspas
tecem boas e más percepções
lançam ses porquês [ ... ] senões
(in)ventam distorcem fatos:
gatos são lebres, alhos bugalhos.

presumem voos e naufrágios
[ abstrações são coletivas...
palco é certame
sangue, banco de dados ]

vendem pães à deriva
[ aqui e além-mar ]
e a poesia grotesca vazia
reafirma [ do homem ] 
a plenitude: mal-estar.


11/04/2010

de novo: e, daí?...




E daí que os sentimentos sejam d'Ele?
Acaso, vender-te-ia farinha na feira?!...
Amo homem só! Ele não vem...
- E, daí?...
Hiberno ano a ano e como, da Jurema, as secas
Sertão tudo inverna e veraneia
[ também outono é a primavera... ]
Pois juremo hibernando...
Mas há, ainda, as flores de mandacaru
no campo
Basta ver, caso queiras...



Texto disponível em o Bar de Ferreirinha.


10/04/2010

distração


Diálogo entre miudezas


não foi à vista!...
houve juros, suadas
correções...


***


Pensei ser outro...
[era ele mesmo!...]

Apesar da distração
haurida em dobro

Ao olho, a coisa deriva
a esmo, familiar...



inatingível




Talvez ele tenha querido até mais...
se enrolado nos lençóis, nos travesseiros
quando mudo se fez coito, cio, tenaz.

Talvez ele tenha perdido a fé e a paz
pela inoperância do verbo que, a tudo promete,
boa sorte não traz.

Talvez seu mundo uma fábula
sem uva, sem meia, sem luva, sem ais.

Pavio que esbraseia:
tudo bem, tanto faz...


"... também as uvas estavam verdes"...



11 ago. 2009

08/04/2010

ano a ano




É preciso dizer:
- não é a chuva vilã!

Deus nem o diabo fazem história!

Homens clamam fortuna pela derrota
Criam morros castelos [ encostas ] de-
visões...

A marginalidade fabrica heroísmos
O altruísmo dos que, ano a ano,
fingem nada enxergar...

[ não é a chuva vilã!... ] 


05/04/2010

Nada há o que ser dito

A Fouad Talal 
por me agraciar, gentilmente, com os versos de “O último por do sol”, de Lenine.


Ele escuta silêncio.
O sentido de não palavras: das negativas às afirmações.
Compreende a longevidade nas pausas pela brevidade da demora.
Sabe que, entre-linhas, há uma ponte cujas águas vêm de fonte cristalina.
E há, ainda, a chama, o chamado e a bruma.
A névoa que recobre floresta e habita pássaro. E o pássaro voa noite adentro e se esconde no tardar dos primeiros raios.
Por que jaz o sol. Ele vem de outra ordem...

Hercília Fernandes


***


À Hercília Fernandes,
por ela existir.


Em que espelho se reflete
a essência de minh'alma?

Da janela, sorrateira
ela me sugere: calma!

Se o real é aparência
e a ilusão é verdadeira

Encontrarás na poesia
a resposta derradeira.

Fouad Talal 


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)