29/11/2014

guitarra



Steve Clark, Def Leppard

que essa voz
aguda
rasgada
levemente dissonante

penetre-me visceral
e alucinante

da intuitividade
à racionalidade
animal

h.f.
29 nov./2014






26/11/2014

offline


Você não entendeu quando disse que a história era tardia... Pela novidade, destinava-se ao esquecimento. Você não entendeu o porquê da recusa e do meu silêncio. Evaporou na tarde difusa... sem manifesto ou lamento. Sem dar-me o direito da dúvida, de convencer-me quão vazia pode ser a vida sem você. Eu estava offline... fora da linha do tempo. Bastava um clique, um toque de alumbramento, para arrancar-me dos dias crus, − opulentos. Da nuvem espessa sobre o arco-íris da vontade. Da estiagem insensível à chuva, − à distração do vento. Eu estava offline, mas vi quando você me (des)ligou...



h.f.
26 nov. 2014




P.S.
Uma música, hoje tanto quanto piegas (ah o amor e seus paradoxos...), para quem distraidamente vive "a se morder de..."

09/11/2014

Pudera...

Arte: George Braque


Pudera fundir-me, a língua, à tela difusa
Dotar-me das histórias que não têm fim!
Despir-me da neve que à paixão reclusa,
Que crespe as cordas do meu bandolim.

Pudera profanar a tez, − textura marfim.
Suprimir do enleio a desventura de musa
Do devaneio que ateia, ora me parafusa
Que sapateia ao que não, ainda que sim.

Pudera executar balada nobre e incisiva:
Canção que lasciva tua distinta memória
− E furtiva dissabores da razão seletiva.

Pudera ceder às flores que amas ilusória,
Render-me aos fulgores da cama evasiva:
Que trama, saliva − proclamas em glória.



h.f.



*Soneto iniciado em jun. de 2014.

"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)