28/04/2011

da história vista de baixo

deveria ser mais politizada...

como historicizar-se engajada
se factualmente retalha-se
à ideia de amor?

lutas de classe, gênero, cor...
renderam-se aos seus declínios

não consegue mover-se
palmo acima, região do umbigo

nem abaixo...



*Arte disponível aqui

26/04/2011

sedento

"sabe lá,
o que é morrer de sede frente ao mar?
sabe lá..."




o que incomoda
não é a tua falta

é o teu excesso...

quando minha mudez
acomoda melhor palavras

isso é padecer na praia
repleto de mar



*Imagem localizada aqui


25/04/2011

boa sorte

Pra festejar entrada nos entas...



um ciclo passou,
um outro virá...

quase não percebo mudança
dentro vigora aquela criança
que se recusa acordar

que aprecia coisas velhas
como brincar de boneca
perder-se na floresta
ou na imensidão do mar

assim um ciclo passou
um outro acontecerá

por isso não temo entas...
nem tudo que é novo me despenca

atrai boa sorte
ou azar...



Nesta segunda, 25 de abril, estou aniversariando;
completando 40 anos de existência, diga-se
poética...

Abraços afetuosos,
H.F.


*Imagem localizada aqui.

23/04/2011

segunda fiação


de tudo o que dissemos
fiou-se o nada
vastidão sem tamanho

:

olhos, cem pálpebras




*Arte localizada em Ideias Bizarras.

18/04/2011

acalento no Maria Clara

disseram que o mundo
iria acabar

não restaria pedra sobre pedra
ínfimo grão de areia no ar

nada me surpreendeu!...

a vida, de mim, se perdeu
quando o conheci

desde então acalento o fim
ao que flor rendeu...




*Para continuar a leitura, visitem o post aqui.

02/04/2011

anatomia do etéreo



[ não sei o que fiz
ou deixei de fazer... ]

mundo em desfronteira
teia de territórios
tudo soa familiar
confusamente transitório
e fumaça, seca, faz chover

anatomia do etéreo
fragmento, curvatura,
mal dito remédio
no/do beijo que sara
abre sutura
e, amnésia, faz mover

percebo agora
não-eu
não-você
uma soma de não-lugares
que nem a mais suntuosa cidade
a mais trágica velocidade
nos traz sentido
leva-nos, em nós, a nos pertencer



*Arte: Fada (2007), localizada aqui.

"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)