29/01/2012

(in)tocável




pela brevidade do instante,
ele vem e toca-me as mãos

porque o sonho é fina areia
também matéria de vulcão

o poeta sabe:
vento (re)move tempestade

27/01/2012

vinhas, árias, agoras

.
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eu te leio
como alguém
principia viagens
passagens regadas em vinhas
por que tu me ensopas, agoras, lavras minha?
não sou musa inspirada à vanguarda art’mercenária
mas avulto árias quando tu me tornas,
escovas, às primas horas
das manhãs


tenho assim os dias

.
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25/01/2012

urgência


.
.
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e essa urgência
me sonda
me toma
faz-me soma
 
em teu olhar

livre, monto
destemido cavalo
 
alço vôo
entre as luzes
dos seus pastos

perco-me
nas trilhas do seu trem
desgovernado

e sinto-me eu
como jamais fui um dia

.
.
.

a contrapelo


ando por ontens
porvires saturados

de agoras

na memória,
fragmentos riachos

tempos-espaços
não restaurados

que tu me sopras,
escovas, ao vagar


ainda que não...



*Arte: Nicoletta Ceccoli.

06/01/2012

trégua



se viesse a cavalo
branco
dar-te-ia um bando
de estrelas

e flores do campo



*Imagem localizada aqui.
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)