30/10/2012

con limón y sal



Tengo que confesar que a veces
no me gusta tu forma de ser
luego te me desapareces
y no entiendo muy bien por qué

No dices nada romántico
cuando llega el atardecer
te pones de un humor extraño
con cada luna llena al mes

Pero a todo lo demás
le gana lo bueno que me das
solo tenerte cerca
siento que vuelvo a empezar

Yo te quiero con limón y sal,
yo te quiero tal y como estás,
no hace falta cambiarte nada.
Yo te quiero si vienes o si vas,
si subes y si bajas y no estás
seguro de lo que sientes




Tengo que confesarte ahora
nunca creí en la felicidad
a veces algo se le parece
pero es pura casualidad

Luego me vengo a encontrar
con tus ojos me dan algo más
sólo tenerte cerca
siento que vuelvo a empezar

Yo te quiero con limón y sal,
yo te quiero tal y como estás,
no hace falta cambiarte nada.
Yo te quiero si vienes o si vas,
si subes y si bajas y no estás
seguro de lo que sientes

Sólo tenerte cerca
siento que vuelvo a empezar...



29/10/2012

cerrado & sertania




Havia tanto o que dizer, esclarecer... mas a vida parecia-lhe uma imensa, impreenchível lacuna. Os sentimentos eram intensos, afeitos, cristalinos... como abrir-lhe, então, o peito, colocar-lhe a par de encargos, interditos e anseios sem render-se ao cruel realismo ou ao exacerbado subjetivismo?... como ferir o sonho, a selvageria do voo, quando o seu desejo é achar-se perdida no horizonte longínquo e vago das horas fartas de impressões? Se tudo o que eu almejo é lançar-me, ‘sem telha’, ao seu encontro, reconhecer-me na superfície febril dos atos e feições que fazem, do poema, cerrado & sertania? Indagava-se. Não, ela não possuía qualquer direito... nem expressão, nem liberdade, nem jeito. Sentia. Tenho pressa porque o sentimento alarga-me na fonte. Abre-me o amor entrefrestas e eu já não sei o que fazer para contê-lo, escondê-lo nas especiarias dos montes. Urgência é a posse, consentida, da sua geografia.






27/10/2012

Ceciliana



arrancarei
a feiúra rósea
d’entro de mim
como quem
remove
erva daninha
do jardim

depois,
com olhos
perplexos
por ti,
tornar-me-ei
rocha

"tão parada e fria e morta”




hfernandes,
27 out. 2012

24/10/2012

nem sim, nem não...




ao sabor do vento
que (des)orienta
a terra, o firmamento
o voo e a queda
do balão


hfernandes,
24 out. 2012



*Arte: Charles Landon.

21/10/2012

Miranda






DO BAÚ DA MEMÓRIA
resgatei uma antiga
vitrola
: ela não toca mais...
embora arranhem-me
os ouvidos
longínquas vozes,
lamentos de amor
e de morte
sonhos perdidos
ardidos à própria sorte,
infortúnios de a_mar


hfernandes,
21 out. 2012



*Arte: Miranda, por John William Waterhouse.


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)