29/06/2010

mel-foice


à Mirze Souza


amargamos doçuras
adoçamos amarguras

é a ‘dietética’ existencial
que nos faz mel-foice

: dual



*Versos em intertextualidade ao poema Limites, de Mirze Souza.

27/06/2010

todos verão...




esquecê-lo é sua meta,
– determinação.

na vida não convém
véspera, sim ou não.

Clarabela fechou a janela
não aguarda a primavera,

todos verão...




*Últimos versos, terceto, em interpolação a poema de Fouad.
** Imagem disponível no Google.


Sugestão: Com tempo para apreciação, visitem a leitura analítica do conto "Mórbido Carrossel", da querida poeta e amiga Lara Amaral

22/06/2010

a duas mãos



a ausência dela choveu tanto
dentro de mim

que o meu coração borrou
flores de algodão em seu dorso.

Mas era tarde.
E, à ave, não coube voo ou deporto

[ então, chorei.
Hercília Fernandes

21/06/2010

cart(a)mante



Não sou cartamante...
Leitura de mãos jamais
foi meu forte.
Talvez isso explique
minha ausência de sorte

ou não... ]


20/06/2010

deweyana


Diálogo entre miudezas


prazer é processo
- não produto.

minha busca é decurso
: experimental

***

saber, sabia...
mas a displicência
deve integrar o todo
dá liga às partes

não convêm luzes
às obviedades...



15/06/2010

...



Embora reconheça talentos...
não é do meu feitio artimanhas
em torno de uma bola.
Exceto - é claro - em jogo
do Brasil na Copa.

Nessa hora não há guetos,
somos todos brasileiros.


*Imagem disponível no site Baixaki.

09/06/2010

Luisa mandou um beijo




sinto-me tão lá tão sol
até mandar-te-ia um beijo
daqueles em que se lambem
os beiços da Luísa...


07/06/2010

diário


foto: Anne Frank

De tanto cometer algazarras,
passei a temer arranhões...
Percebo que o medo de escadas
caminhões e/ou fanfarras
nada de temor se compara
ao pavor diante caras encapuzadas
dotadas de armas e guarnições.

Hoje me reportei à infância
e lembrei de Anne Frank...


06/06/2010

Nem ele vindo...



Como esquecer?...

Se vida é fonte
Mas a ponte não se sabe se boa / se má?

Se, afora, moleques queimam fogos
e, grosso modo, fazem tremer / estilhaçar?

Acabaram com a poesia...

Não há verso capaz de a ela elevar
Nem ele vindo cavalo / floresta /
noite adentro.

04/06/2010

estado



ando tão cansada...
as palavras dormem
- pólen de mim.

estou à vazio:
fio chamado solidão.
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)