A cada dia
me torno mais estranha. A cada dia já não reconheço a minha face adormecida na amplidão.
A cada dia sinto-me menos fluída; e me nego, um pouco mais, à contemplação. A
cada dia me desinteresso por coisas sensatas. E por coisas não sérias também! A
cada dia apresento menos tolerância; para não dizer: desdém! A cada dia choro
em meu silêncio. E clamo uma nova cor e ideia. Contrariamente, tarda-me chegar
a primavera. E, com ela, a luz e a chama de uma vela. Assim os meus dias vão
passando: sem serenidade, dormência ou engano. Assim os meus dias vão
perdurando... (enquanto choro em meu silêncio), os meus desejos infantis e
secretos planos.
h.f.
1 ago./2007
*Texto revisitado.