31/05/2018

Não cultivo mágoas

seus motivos não são
diferentes dos meus

também lhe magoo
piso
quebro
         em mil pedaços

quando o que quero
(e preciso)

é voo 
é riso

seus abraços


h.f.
31 maio./2018


30/05/2018

Só por hoje

esqueceria o mal
que me causaste

te amaria como
se não houvesse
locaute


h.f.
30 maio./2018


Te amei

quando vinhas
quando desaparecias

quando meu coração
fazias despedaçar

quando não havia
razão alguma para amar


h.f.
30 maio./2018


26/05/2018

À medida

é sempre uma sensação
de vazio

(des)contentamento

silencio
à medida da proximidade

/

distanciamento


h.f.
26 maio./2018


Não convém

falar da vida;
tampouco aflições

Não convém falar
das dores:

atropelos
e decepções

Só convém falar
das flores

(a)mar das ilusões


h.f.
26 maio./2018


10/05/2018

Creia

os manejos não serão
pálidos
os beijos, minguados

creia, só (t)ardo...


h.f.
10 maio./2018


Não posso

pretender
sua atenção

revelar
o que, como,
quando
e quanto sinto

fazer amor com você


h.f.
10 maio./2018


08/05/2018

Poderíamos atribuir

ao acaso
lapso
descompasso

o fato, 
é que fiamos
um laço

que não desata
(em) nós


h.f.
8 maio./2018


07/05/2018

Prolixidade

foi tanta 
abundância
do sentir
que, no devir,
as palavras
fizeram-se
escassas

uma redundância...


h.f.
7 maio./2018


06/05/2018

Em sonho,

me despia
aquecia
preenchia...

dona de sua soberania


h.f.
6 maio./2018


Eu te amo

e só você
sente
condizente 
quanto


h.f.
6 maio./2018


Literal e metaforicamente

Não saberia
dizer
quanto de amor 
lhe tinha

E a dor
que inevitavelmente
se avizinha  

Literal e metaforicamente,
ele me (des)alinha... 


h.f.
6 maio./2018


Um sinal de ainda

Sentiu-se petrificada, tamanha a aspereza das linhas. Entre a vitalidade do sentir e a palavra nua, desprovida de imagética e figuração, vigorava um abismo. A sensação de calafrio percorreu-lhe o corpo. Como é fugidia a vida; a paixão sob medida... Refletiu. Por outro lado, ele veio, aceitou-me o convite... Seria um sinal de ainda se importar? De ainda sentir? De ainda me amar? Indagava-se. Respirou profundamente, e não se permitiu abater, arriscando certa graça à interlocução. A tensão pouco a pouco foi sendo dissolvida, e as palavras pareciam ansiar as advinhas das horas. A essa altura, previu qual cuidado convinha. E foi-lhe paciente. Já se feriram tanto... Mesmo não havendo real ressentimento. O que havia era desejo, paixão; legítimo desvario. Mas não somente. Às vezes, lhe dedicava uma afeição tão terna, quase maternal... Não se devia condenar o ser amado pela rudeza das intempéries ou fugacidade dos momentos. Sentimentos não são reles. Defendem o que concebem ser correto... E eis a grandeza do amor, quando eterniza passos no descaminho de uma longa caminhada. 
         
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)