18/08/2009

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Cancioneiro de primavera



Era primavera.

Havia pássaros e tinham borboletas.

Um grilo insistia em um monólogo.

Os raios finais da tarde acenavam para o lado noturno da hera:

cancioneiro de primavera!

Havia uma menina sentada no banco da praça: a espera!

Havia um olhar distante, distraído em alguma paisagem perdida.

Havia um relógio: sem batidas!

Havia um bêbado no canto: em pranto!

Havia um chinelo azul.

Tinham tamancos cor-de–rosa e uma carta envelhecida de baralho.

Havia parede, teto, assoalho...

Marcas de pés descalços; olhares sem óculos, sem esquadros.

E, lágrimas deslizavam ao longo do corredor oblongo decorado.



Passeio ao crepúsculo: Van Gogh.

Texto escrito em 04-02-08.


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)