Era primavera.
Havia pássaros e tinham borboletas.
Um grilo insistia em um monólogo.
Os raios finais da tarde acenavam para o lado noturno da hera: cancioneiro de primavera!
Havia uma menina sentada no banco da praça: a espera!
Havia um olhar distante, distraído em alguma paisagem perdida.
Havia um relógio: sem batidas!
Havia um bêbado no canto: em pranto!
Havia um chinelo azul.
Tinham tamancos cor-de–rosa e uma carta envelhecida de baralho.
Havia parede, teto, assoalho...
Marcas de pés descalços; olhares sem óculos, sem esquadros.
E, lágrimas deslizavam ao longo do corredor oblongo decorado.
04/02/2008
Cancioneiro de primavera
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."(Gaston Bachelard)