Há dias em que se aproveita de uma palavra solta e se tenta rascunhar algo capaz de abrir portas. E não se pode abri-las.
O Nada é um estranho no ninho. Acomoda-se no chão, no teto, nos quadros, nos linhos...
Entra sorrateiramente, preenche e desapruma os vãos nos quartos. Insolente, manipula os cômodos no frio e no escuro espaço.
O Nada é o vilão charmoso. E é o temível herói.
O Lácio nas altas rodas noturnas. O fáustico causador das sutis promessas e vastas lamúrias.
O Nada é o silêncio in-operante. E as miúdas coisas que nele habitam!...
Arte: Van Gogh