arte: Boris, 1997.
Não posso dizer se a chuva passou
nem se lágrimas deixaram de brotar
em minha face então fria.
Nem se tempestades cessaram
seus cantos brios
nas noites cinza de ventania.
Não posso dizer se esqueci
tampouco se lembrarei.
Não posso dizer se sofri
porquanto se o amei.
Quisera ter a bússola do tempo
ou um paiol do teu alimento.
Quisera ter o discernimento
pra sustentar o meu riso
e o teu lamento.
Mas se chegaste ao meu domínio
trataria de recusar:
De que me vale tal envaidecimento
se meu barco segue sempre a vagar?...
Mas se fosse pro teu encantamento
eu rezaria até formar:
Uma tempestade de firmamento
com metros de chuva
à luz do meu riso e teu luar.