A poucas pessoas me mostro,
realmente, como sou.
A outras, apenas disfarço a minha dor;
Porque não me vejo em todo olhar;
Há espelhos capazes de me revelar,
outros, só ofuscam o meu pesar.
Sou naturalmente solitária;
Mas, poucos sabem da minha solidão.
Sou exageradamente conturbada;
Quando acordada, escuto vozes
na escuridão.
Para espantar meu vazio:
Desenho, rio, finjo;
Faço da minha dor beleza;
Nem sempre me sento à mesa,
porque nela não estou.
Mas se você pretende me encontrar,
examine-me no seu olhar:
Lá, eu estou!
Com borboletas a enfeitar,
um jardim em flor;
Cujo endereço,
Não posso revelar.
(In: Retrato de Helena, 2005, p. 29)
realmente, como sou.
A outras, apenas disfarço a minha dor;
Porque não me vejo em todo olhar;
Há espelhos capazes de me revelar,
outros, só ofuscam o meu pesar.
Sou naturalmente solitária;
Mas, poucos sabem da minha solidão.
Sou exageradamente conturbada;
Quando acordada, escuto vozes
na escuridão.
Para espantar meu vazio:
Desenho, rio, finjo;
Faço da minha dor beleza;
Nem sempre me sento à mesa,
porque nela não estou.
Mas se você pretende me encontrar,
examine-me no seu olhar:
Lá, eu estou!
Com borboletas a enfeitar,
um jardim em flor;
Cujo endereço,
Não posso revelar.
(In: Retrato de Helena, 2005, p. 29)
Arte: Mulher ao espelho (Pablo Picasso)