02/03/2009

Cavalo alado


Fiquei triste!
De repente todo manto azul do céu
desabou sobre mim.
Ao tocar minha pele, aquele azul-celeste,
claro feito neve, coloriu-me de carmim.

Claro! Eu não dei por mim.
Precisava mais de poesia:
escura, difusa, tardia
faria luz
à minha nostalgia.

Claro! Eu desejei o cetim.
Com todos os seus festins.
Eu precisava demais de folia
para emoldurar a minha melancolia.

Claro! Tudo foi só um sonho
Um engano desenganado:
claro - como é o orvalho,
escuro - como é o pecado.

Claro... O sonho se foi num cavalo alado!



Do livro Retrato de Helena.
(FERNANDES, Hercília, 2005, p. 47).

"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)