Fiquei triste!
De repente todo manto azul do céu
desabou sobre mim.
Ao tocar minha pele, aquele azul-celeste,
claro feito neve, coloriu-me de carmim.
Claro! Eu não dei por mim.
Precisava mais de poesia:
escura, difusa, tardia
faria luz à minha nostalgia.
Claro! Eu desejei o cetim.
Com todos os seus festins.
Eu precisava demais de folia
para emoldurar a minha melancolia.
Claro! Tudo foi só um sonho
Um engano desenganado:
claro - como é o orvalho,
escuro - como é o pecado.
Claro... O sonho se foi num cavalo alado!
Do livro Retrato de Helena. (FERNANDES, Hercília, 2005, p. 47).