I
Minha boca se perdeu da tua
no momento da fusão.
Não era para causar furor ou dúvida
mas gerir a ebulição.
II
Tal foi o meu espanto
fora a tua indignação.
Não se sabia se branca ou escura
a causa da indisposição.
III
E ali ficamos sem notícias
e a mercê do jogo de adivinhação.
Com pouco apareceu a polícia
a prova final da humilhação.
IV
O soldado da milícia
pôs maior fogo na confusão.
Ousando fazer malícia
da quizila e da má reputação.
V
Como toda farta fadiga
tem fim também a narração.
E essa durou deveras deriva
por cem motivos de opinião.
VI
Eu - a pobre heroína,
não quis ficar na contramão
Fui-me com o soldado da milícia
para não perder a ocasião.
VII
Tu - o moço descontente,
compensaste a solidão.
Dedicando-te à Virgem Santíssima
teu novo amor, guia e proteção.
VIII
Assim se deu o nosso caso:
Cem motivos de espanto e aversão.
Tu vestiste a farda bata abatida
Eu, a laranja-lima da região.
IX
E como preza a boa cantiga
foste, tu, o benfeitor da união...
Deste a bênção Divina
ao casal motivo de expiação.
X
Agora só nas horas altíssimas
trocamos os credos de devoção...
Eu confesso-te as asas partidas
Tu alivias a dor da desilusão:
- Cem Salve Rainha, Cem Padre Nosso, Cem Ave Maria...
Aleluia, Senhor, Amém!...