Reuni os meus apetrechos,
espalhei flores sobre a cama.
Penteei meus longos cabelos
joguei os pés, doídos, à santa.
Caí na calada da noite
cantei, dancei música cigana.
Colei retratos na janela
bebi álcool com laranja.
Depois subi pelas paredes:
(quase lhe pedindo...)
socorro, pano, lâmpada!
Mas você nada me disse
nem nada me fingiu dizer.
Nem mesmo me arriscou um palpite
sobre o meu jeito lânguida de ser.
É por isso que eu fico assim meio triste
(nesse disse me disse)
Esperando...
minhas coisas:
[cama (de flores)
[santa (de redenção)
[cigana (de amores)
[laranja (de odores)
[lâmpada (de contemplação)
[lânguida (de solidão)
- Você [me] recolher!
16/08/2007
Apetrechos
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."(Gaston Bachelard)