A cada dia me torno mais estranha
A cada dia já não reconheço
minha face adormecida na amplidão.
A cada dia sinto-me menos fluída
A cada dia me nego, um pouco mais,
à contemplação.
A cada dia me desinteresso por coisas sensatas
E por coisas não-sérias também.
A cada dia apresento menos tolerância,
para não dizer: desdém!
A cada dia choro em meu silêncio
E clamo uma nova cor e idéia
Contrariamente, tarda-me chegar a primavera.
E, com ela, a luz e a chama de uma vela.
Assim, meus dias vão passando:
sem serenidade, dormência ou engano
Assim, meus dias vão perdurando
(Enquanto choro em meu silêncio)
Os meus desejos infantis e secretos planos.