![]() |
Arte: George Braque |
Pudera
fundir-me, a língua, à tela difusa
Dotar-me
das histórias que não têm fim!
Despir-me
da neve que à paixão reclusa,
Que
crespe as cordas do meu bandolim.
Pudera
profanar a tez, − textura marfim.
Suprimir
do enleio a desventura de musa
Do
devaneio que ateia, ora me parafusa
Que
sapateia ao que não, ainda que sim.
Pudera
executar balada nobre e incisiva:
Canção
que lasciva tua distinta memória
− E
furtiva dissabores da razão seletiva.
Pudera
ceder às flores que amas ilusória,
Render-me
aos fulgores da cama evasiva:
Que
trama, saliva − proclamas em glória.
h.f.
*Soneto iniciado em jun. de 2014.