24/08/2008

Rapunzel


Ela falava. Falava muito.
[Poucos ouviam-na...]


E gritava. Gritava pranto sereno:


Alfabeto dos mudos
Rio de sombra e luz
em mares profundos.


Ela soluçava. Soluçava infortúnios.


Gira o carrossel
Joga as tranças de Rapunzel
E cai seu castelo de sonhos.


***


Ela era tão sozinha...
[pobrezinha!...]


Cadê o seu príncipe encarnado?
Seu disco voador,
e o seu cavalo "ao lado"?...


Cadê o vilão charmoso
que vela, em silêncio,
o som do seu eco
no pasto?



Ela era tão sozinha...
pobre alma menininha!...


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)