16/12/2007

Alquimia


Dei-te rosas.
Dei-te ventos em procissão.
Dei-te a primavera:
A lâmpada, louca, cega;
Vela de contemplação.


Dei-te o mar.
Dei-te beija-amores.
Dei-te estrelas na tarde.
Dei-te riso, siso, fabuladores...


Dei-te especiarias:
ouro, prata, cristal, pedrarias.
Dei-te cada flor-metal em romaria.
E meu pranto quieto, inquieto,
transmutado em alquimia:


- Deitando-me!...




08/12/2007

Algodão doce




Tirarei o açúcar da boca
mas não para amargar a retina!

Tirarei, somente, o algodão doce
que me embriaga.

E, destilada,
corda bamba, cana, amarelinha.

Chove lá fora,
chuva, ali, fininha.


Chove no meu peito:
- Chora, aqui, a menininha!...



"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)