24/05/2019

Apaixonei-me

por uma voz 
sem rosto
sem corpo

sem a cumplicidade
do nós

por uma subjetividade
que me acorda imenso
gosto

partindo do pressuposto 
de não esquentar
lençóis



h.f.
24 maio./2019 


23/05/2019

Em tempo:

sucumbo à ideia
do que seria

da linguagem
que nossos corpos
comunicaria

ainda aguardo 
a calmaria



h.f.
23 maio./2019


22/05/2019

Hoje

amei mais que podia
sofri mais que devia

cantei mais 
do que minha voz
alcançaria

hoje fui tempestade
amanhã quem sabe 
calmaria



h.f.
22 maio./2019


Ainda não

te esqueci
― e talvez jamais
esqueça

não é fácil 
abandonar uma ideia
se ela não desabita 
os sonhos

― não sai da cabeça

não construímos 
memórias

não compartilhamos
qualquer
experiência

mas não é a acumulação
de histórias

que garante 
a permanência


(do amor...)



h.f.
22 maio./2019


21/05/2019

Tenho tanta

saudade
para (lhe) dizer...

mas se a digo
me contradigo
em meu im_próprio
fazer


h.f.
21 maio./2019


19/05/2019

Da minha parte,

jamais foi 
ilusão

sentir é
coisa séria...

matéria
não à parte
da razão



h.f.
19 maio./2019


Artífice

ela falava
da profundidade

ele,
da superfície

ambos evocavam
a saudade
enquanto artífice


h.f.
19 maio./2019


11/05/2019

Dói

quando 
me configura
ao ficcional

uma espécie
de "doce mal"

quando não sou 
matéria de sonho 

possivelmente
real


h.f.
11 maio./2019


Eu poderia dizer

a quantas voltas 
anda
a minha saudade

De que me adianta?

Amor não é 
uma questão 
de número


É de reciprocidade



h.f.
11 maio./2019


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)